A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: A EXPERIÊNCIA DO SINE/IDT-CEARÁ
É muito recente na história a abertura do mercado de trabalho para as pessoas com deficiência. Esta questão sofreu profundas modificações a partir de meados dos anos 90, quando as transformações sociais advindas do processo de globalização passaram a determinar mudanças no mundo do trabalho. Historicamente, o processo de exclusão imposto a esses profissionais contribuiu para a criação de uma imagem estigmatizada, impedindo que se conheça o seu potencial. Modificar esse paradigma representa um desafio para a sociedade atual.
Sensível a esta realidade, em 1990, o SINE/CE decidiu investir no atendimento à pessoa com deficiência, instituindo um grupo técnico, com a missão de estudar e propor novos caminhos para a inclusão laboral por intermédio do sistema público de emprego. O resultado desse estudo culminou em 1991 com a estruturação de uma equipe e início de ações voltadas mais diretamente para atender aos anseios desses cidadãos na conquista de um posto de trabalho.
Como resultado dessa ação, em 1992, criou-se a primeira Unidade de Atendimento à Pessoa com Deficiência no estado com a proposta de aproximar trabalhadores e empresários, construindo uma parceria em busca de um novo olhar sobre a diferença. Por outro lado, esse trabalho pedagógico diário, realizado com esses profissionais tem buscado disseminar a consciência de cidadão produtivo, eliminação de atitudes paternalistas e, com isso, a possibilidade de elevação da autoestima, contribuindo para a inclusão laboral.
Para a realização desse trabalho, o IDT dispõe de uma equipe de profissionais experientes e capacitados a atender com qualidade as pessoas com deficiência e as demandas das empresas. Oferece ao empresário banco de candidatos de diferentes tipologias preparados mediante oficinas de orientação para o trabalho, com laudo médico em conformidade com as exigências da Lei, disponíveis às empresas de acordo com o perfil solicitado, assessoria técnica auxiliando na indicação de postos de trabalho; palestra de sensibilização e orientação sobre a Lei de Cotas, dentre outros.
A chegada do ano 2000 representou o início de uma nova época marcada pela explosão de postos de trabalho, graças ao cumprimento da Lei nº 8.213, de 24.07.91, cuja implementação se tornou uma forte aliada à luta das pessoas com deficiência e que tem contribuído para o crescimento da consciência social, por parte das empresas, no cumprimento das disposições previstas em Lei.
Sua obrigatoriedade favoreceu a uma mudança de comportamento tanto por parte do trabalhador, que viu surgir a abertura de postos de trabalho, como também da empresa que sentiu necessidade de adaptar-se e conviver com esses profissionais.
Apesar do novo panorama que vem se delineando a partir da implementação da Lei de Cotas no ano 2000, apresentando um aumento significativo da oferta de vagas destinadas a esse público, temos nos deparado frequentemente com trabalhadores que não conseguem colocação por conta de sua deficiência ser mais severa, ou por apresentar baixa escolaridade, ou seja, o mercado é extremamente exigente para qualquer cidadão e caso apresente uma fragilidade é motivo suficiente para que a situação se torne mais desafiadora em relação à possibilidade de encaminhamento desses profissionais, o que significa dizer que temos muitos obstáculos a serem enfrentados e que a superação passa pela informação e conhecimento dessa realidade.
Por outro lado, as empresas ainda encontram muita dificuldade na contratação desses profissionais com o perfil desejado. Diante desse dilema, o papel do SINE/IDT tem sido a construção de um diálogo, assessorando e orientando os empresários e profissionais de recursos humanos a encontrar a solução para o suprimento de sua necessidade.
Sensibilizar as empresas para a absorção desses profissionais e municiá-las de informações tem sido uma tarefa realizada diariamente. Essa iniciativa tem por objetivo desconstruir mitos e preconceitos que interferem na inclusão social, desmistificando os paradigmas criados pela sociedade, onde a deficiência ainda é vista como sinônimo de improdutividade e incapacidade.
A empresa deve estar ciente que contratar pessoas com deficiência não deve ser algo somente para cumprir a Lei e evitar multa, vai bem mais além, também não é favor porque eles são bons profissionais, trata-se de uma questão de cidadania.
Como podemos observar, esse tipo de postura adotado por algumas empresas interfere no encaminhamento do trabalhador, impedindo-o de participar do processo seletivo e ser incluído no mercado, demonstrando suas habilidades e perspectivas de crescimento, tornando-se um cidadão produtivo, senhor do seu próprio destino.
O conjunto de ações realizadas ao longo desses anos tem contribuído para modificar a história de vida de muitos cidadãos cearenses.