O mercado de trabalho do estado Ceará possuía 793.312 vínculos ativos de emprego em 2002, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), também denominado de estoque de emprego, ou seja, o total de empregos formais existentes no estado. Esse estoque duplicou em 2014 (1.552.447 vínculos) e, após a crise econômica de 2015/2016, diminuiu para 1.464.948 vínculos, em 2017, com discreta recuperação no ano seguinte, quando foram contabilizados 1.471.704 empregos em 2018, estoque esse equivalente a 94,8% do de 2014, o que significa dizer que, apesar de o crescimento econômico ocorrido nos anos de 2017/2018, quando a economia cearense crescera respectivos 1,5% e 1,0%, o mercado de trabalho estadual ainda não recuperou por completo o estoque de emprego formal de antes da crise.
Mas como esse estoque de emprego se encontra distribuído nas três regiões metropolitanas do estado? Como evoluiu a participação de cada uma delas no estoque de emprego cearense? É disso que trata as considerações a seguir.
Na região metropolitana de Sobral (RMS), o estoque de emprego fora quantificado em 69.029 vínculos em 2014, quando eram 37.020 em 2002, decresceu para 65.557 em 2017 e retomou o crescimento em 2018 (68.837), com expansão de 4,0% ao ano no período considerado. Mesmo incrementado em 2018 com 3.280 novos empregos em relação a 2017, o estoque atual da RMS ainda se encontra ligeiramente abaixo do estoque de emprego de antes da crise. Na verdade, é apenas 0,3% menor que o de 2014 (Tabela 1).
Na RMS, o emprego formal apresenta-se muito concentrado no município de Sobral, atualmente com 47.785 vínculos de emprego formal, inferior ao estoque de 2014 (50.732), o que significa dizer que o estoque de 2018 equivale a 94,2% do de 2014. Nos anos analisados, o grau de concentração do emprego no município de Sobral variara de 69,4% a 73,6% dos empregos formais da RMS, o que significa que sete de cada dez empregos existentes na RMS estão localizados em Sobral. Para maiores detalhes, ver Tabela 1 do Anexo.
Na região metropolitana do Cariri (RMC), o estoque de emprego mais do que duplicou entre 2002 (41.445 vínculos) e 2014 (87.772) e volta a crescer em 2018 (88.041), expandindo-se 4,8% ao ano. Dessa forma, a RMC foi a única região metropolitana do estado a recompor o estoque de emprego existente antes da crise, uma vez que o estoque de 2018 é 0,3% maior que o de 2014, o que indica uma recuperação mais rápida do emprego formal na região em relação às duas outras áreas metropolitanas estaduais (Tabela 1).
Na RMC, o emprego formal mostra-se muito concentrado nos municípios de Juazeiro do Norte e Crato, atualmente com 49.688 e 18.433 vínculos de emprego formal. Nos últimos dois anos, o grau de concentração do emprego nesses municípios fora de 77,0% dos empregos formais da RMC, o mesmo que afirmar que oito de cada dez empregos existentes na RMC localizam-se em Juazeiro do Norte ou no Crato, porém essa concentração é fortalecida por uma dinâmica mais favorável do emprego em Juazeiro do Norte, posto que o município tem respondido por 56,3% do emprego da região no biênio 2017/2018, bem acima dos 47,0% observados em 2002. Já Crato perde participação relativa, declinando de 29,6%, em 2002, para 20,9%, em 2018. Para maiores detalhes, ver Tabela 2 do Anexo.
Em referência à recomposição do emprego de 2014, isto só foi alcançado por Juazeiro do Norte, com um estoque 3,6% maior que o de 2014, ou 1.722 empregos a mais. Em Crato, apesar do discreto incremento frente a 2017, o estoque de 2018 equivale a 93,0% do de 2014.
Tal qual ocorrido na RMC, o estoque de emprego da região metropolitana de Fortaleza (RMF) dobrou entre 2002 (556.052 empregos) e 2014 (1.087.474), mas se apresentou em queda em 2017 (1.008.242) e 2018 (1.002.744), também não recompondo o estoque de antes da crise, mesmo com o crescimento de 3,8% ao ano. O estoque de emprego da RMF de 2018 é 7,8% menor que o de 2014.
Na RMF, o emprego formal é muito centralizado nos municípios de Fortaleza e, em menor medida, de Maracanaú, com 768.412 e 56.778 vínculos empregatícios. Após perda de participação relativa nos anos de 2008, 2014 e 2017, esses municípios voltam a apresentar participações mais elevadas e similares às observadas em 2002, quando Fortaleza (79,2%) e Maracanaú (4,9%) detinham 84,1% dos empregos formais da RMF. Em 2018, a fração conjunta dos dois municípios chegou a 82,3%, ficando Fortaleza com 76,6% e Maracanaú com 5,7% do estoque de emprego da RMF. Para maiores detalhes, ver Tabela 3 do Anexo.
Enfim, como evoluiu a participação de cada região metropolitana no estoque de emprego estadual? Pela análise dos valores da Tabela 2, constatam-se três trajetórias diferenciadas. Há uma relativa estabilidade na participação da região metropolitana de Sobral, que oscila em torno de 4,5% e volta a registrar em 2018 (4,7%) a fração de 2002. A região metropolitana do Cariri, com uma evolução mais positiva do seu mercado de trabalho em decorrência do que ocorrera notadamente em Juazeiro do Norte, ganha peso cada vez maior no emprego formal do estado, embora de forma lenta, com um incremento de 0,8 ponto percentual no período tomado para análise, ocorrendo o inverso com a região metropolitana de Fortaleza, cuja participação declinou de 70,1%, em 2002, para 68,1%, em 2018.
Essa perda de participação relativa da RMF no estoque de emprego cearense pode, em boa medida, ser explicada por esta deter cerca de 62% do Produto Interno Bruto do estado, consequentemente por ter sido mais impactada pela recessão econômica que assolou a economia brasileira de meados de 2014 a 2016, no paralelo às outras regiões do estado.
Isso fica evidenciado quando se calcula a taxa de crescimento geométrico do estoque de emprego entre 2002 e 2018 para as diversas regiões. No período em apreço, o estoque de emprego formal do Ceará avançou 3,9% ao ano, sendo que a única região que cresceu abaixo desse valor foi a RMF (3,8%). As regiões metropolitanas de Sobral (4,0%) e do Cariri (4,8%) registraram taxas superiores à média estadual, principalmente a RMC.