EMPREGO CRESCE PELO QUARTO MÊS CONSECUTIVO, MAS PERDE RITMO

Por: Por Mardônio Costa
21/11/2019

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o mercado de trabalho do estado do Ceará gerou 3.496 empregos com carteira assinada em outubro de 2019, após os 4.525 de agosto e os 6.323 de setembro passado, resultado de 34,1 mil admissões e de 30,6 mil desligamentos, quarto mês seguido de saldo positivo, em número muito similar ao de outubro de 2018, quando foram contabilizados 3.669 novos empregos no estado. No ranking nacional, o Ceará ocupou a sétima posição e, no Nordeste, foi o segundo colocado em termos do número de empregos criados no mês de outubro desse ano, atrás apenas de Pernambuco (5,1 mil). 

Nesse mesmo mês, a região metropolitana de Fortaleza ficou com a parcela de 1.411 novos empregos, 40,36% do saldo estadual e o estoque de empregos formais do estado fora de 1.158.664 empregados, o que traduz o número total de pessoas trabalhando com carteira assinada no Ceará. 

No acumulado de janeiro até outubro desse ano, foram computados 8.870 empregos formais adicionais, resultado positivo, mas muito aquém do número de empregos criados no Ceará no mesmo período de 2018 (26.212), ou seja, nos dez primeiros meses de 2019, a economia cearense gerou o equivalente a apenas 33,8% dos empregos criados no mesmo período do ano anterior, indicativo da lenta recuperação do emprego estadual.

A análise do saldo de emprego acumulado em doze meses aponta na mesma direção. No início de 2019, mais de 15 mil empregos foram gerados nos doze meses até janeiro (15.186) e fevereiro (15.230), número que reduz drasticamente para pouco mais de 5 mil em agosto (5.622), setembro (5.525) e principalmente em outubro (5.038), série com nítida trajetória de queda desde março, como pode ser percebido no Gráfico 1, comportamento este muito influenciado pela retração do emprego na indústria de transformação e na construção civil. 

Ao contrário do que ocorrera em 2019, esse indicador apresentara evolução bem favorável no transcorrer de 2018, fechando o ano com 23.081 empregos a mais, trajetória essa revertida ao longo de 2019, como já salientado, o que reforça a tese de perda de ritmo na criação de empregos com carteira no mercado de trabalho cearense no corrente ano. 


Outro aspecto negativo associado ao resultado acumulado de janeiro a outubro de 2019 é que, além da sinalização de modesta ampliação na oferta de emprego com carteira assinada no estado, metade dos empregos gerados no período ou foram empregos intermitentes (1.597) ou empregos em tempo parcial (3.241), o que representa 54,5% dos empregos gerados no Ceará nos dez primeiros meses do ano, considerando a série não ajustada (8.870 empregos adicionais), salientando-se a opção das empresas pela modalidade de contração no regime de tempo parcial. 

Em termos da contratação de trabalhadores para esse ano, o mercado cearense mostra-se bastante seletivo, vamos dizer assim, uma vez que as contratações estão focadas nos mais jovens, uma prática recorrente nos últimos anos. Desde o início de 2019, a geração de empregos no Ceará só ocorreu entre os trabalhadores de até 24 anos de idade, totalizando 22.912 novas vagas na série não ajustada. Somente a partir de julho são percebidos mais empregos para aqueles de 25 a 39 anos, mas em quantidade inferior. 

O resultado mensal de outubro refletiu discretos avanços do emprego formal em quase todos os setores econômicos, sinalizando que, apesar de modesta, a ampliação do emprego se mostra disseminada na economia cearense, precipuamente nos serviços (1.157 empregos), na indústria de transformação (1.047), no comércio (961), responsáveis que foram por 90,5% dos empregos gerados no Ceará no referido mês. Ademais, a indústria de transformação, com saldos positivos em nove dos doze ramos industriais pesquisados e o destaque da indústria de calçados (808 novos empregos), e o comércio têm contratado mais do que demitido nos últimos três meses. 

Já entre janeiro e outubro desse ano, houve expansão do emprego em seis dos oito setores analisados, com destaques para os serviços (10.717 empregos a mais) e agropecuária (mais 1.460), período em que a oferta de emprego encolhera somente na construção civil (-2.363) e no comércio (-1.994). Nos serviços, sobressaíram os serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção (3.287), comércio e administração de imóveis, valores mobiliários e serviços técnicos (2.867) e serviços médicos, odontológicos e veterinários (2.572). 

Nesse contexto, o mercado de trabalho cearense encerrou outubro do corrente ano com um estoque de emprego celetista de 1.158.664 empregados, dos quais 44,4% (514.568) trabalham no setor de serviços e 21,51% (249.179) no comércio, o que deixa ressaltar a importância do setor terciário na dinâmica do emprego formal do estado.