Emprego celetista avança pelo segundo ano consecutivo no Ceará

Por: Mardônio Costa
27/01/2020

O Ceará fechou 2019 com 10,3 mil novos empregos com carteira de trabalho assinada, o segundo ano consecutivo de expansão do emprego celetista no estado, uma vez que foram abertos 23,4 mil postos de trabalho em 2018, após os resultados negativos de 2015 (-34,3 mil), 2016 (-37,2) e 2017 (-2,4 mil), considerando os saldos ajustados do emprego, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia (Tabela 1). 

Nota-se que, além de o Ceará ter gerado o terceiro maior número absoluto de empregos entre os estados do Nordeste brasileiro em 2019, essa expansão ocorreu em menor quantidade do que o contabilizado em 2018, na medida em que o número de empregos gerados naquele ano equivale a 44,0% do saldo positivo do ano anterior. Dessa forma, o mercado de trabalho cearense chega ao final de 2019 com um estoque de emprego celetista de 1.160.113 vínculos, diante do estoque final de 2018 de 1.149.794 vínculos, 18,2% do estoque da região Nordeste (6,4 milhões). O Gráfico 1 ilustra o avanço do estoque de emprego estadual em 2019 frente a 2018. 


Os números revelam um aspecto importante da geração de empregos no Ceará em 2019, visto que não é algo corriqueiro. Dos 10,3 mil empregos gerados no mercado de trabalho cearense, 4,3 mil foram na área metropolitana de Fortaleza (RMF) e 6,0 mil no Interior do estado. Por conseguinte, no referido ano, o Interior cearense (57,9%) ficou com a maior parcela dos empregos gerados no estado, o que significa dizer que de cada dez novos empregos que surgiram na economia cearense, em 2019, seis estavam localizados no Interior (Tabela 1). 

Os municípios de Caucaia (2.039 novos empregos), Fortaleza (1.823) e Juazeiro do Norte (1.048) foram aqueles que mais empregos com carteira assinada geraram no estado no ano em análise, enquanto Sobral eliminou 2.176 vagas. 


Na desagregação por setor de atividade, o destaque positivo ficou por conta do setor de serviços, com 11,8 mil empregos adicionais, seguido pelo comércio (2,4 mil), enquanto a construção civil (-3,8 mil) e, em menor medida, a indústria de transformação (-1,3 mil) eliminaram oportunidades de trabalho no Ceará. Assim, seis dos oito setores econômicos pesquisados apresentaram crescimento do emprego com carteira assinada no estado, no ano de 2019, destacando-se os serviços (Tabela 1). 

Convém esclarecer a perda de ritmo na geração de empregos no Ceará em 2019, diante dos empregos gerados no ano anterior. Sob a ótica setorial, a diferença a menor entre os saldos de emprego de 2018 e 2019 de 12,8 mil postos de trabalho, em boa medida, pode ser explicada pelos saldos negativos da construção civil e da indústria de transformação, associados à relativa estabilidade do número de empregos gerados no comércio (2,4 mil) nos dois anos e do fato de que, nos serviços, o saldo positivo de emprego foi menor em 4,5 mil vagas. Construção civil e indústria de transformação eliminaram conjuntamente 5,1 mil postos de trabalho, o comércio gerou praticamente o mesmo número de empregos de 2018 e, nos serviços, ocorrera uma desaceleração na criação de empregos no ano passado, registrando um menor saldo positivo.

O bom resultado dos serviços repercutiu os números favoráveis dos ramos do comércio e administração de imóveis, valores mobiliários e serviços técnicos (4,1 mil), de serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação (3,8 mil) e dos serviços médicos, odontológicos e veterinários (3,5 mil). No tocante à diminuição do emprego na indústria de transformação, esta refletiu os números negativos da indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos (-2,5 mil) e da indústria de calçados (-1,0 mil), o que fora atenuado pelos 1,6 mil empregos gerados na indústria de material elétrico e de comunicações e pelas 462 novas vagas na indústria metalúrgica cearense, entre outros de menor magnitude, uma vez que houve crescimento do nível de emprego em metade dos doze ramos industriais analisados.   

Esse comportamento setorial do emprego formal no Ceará propicia elementos adicionais para uma melhor compreensão da evolução menos favorável do mercado de trabalho da RMF em 2019, a qual esteve diretamente associada à trajetória do emprego na indústria de transformação e na construção, uma vez que 96,1% dos empregos extintos na indústria de transformação e 73,8% dos empregos perdidos na construção civil ocorreram na RMF, além de que grande parte dos empregos gerados no comércio fora observada no Interior do estado (2.105 vagas), ficando a RMF com apenas 324 novos empregos. Salienta-se que, em 2019, a indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos fechou 2,6 mil vagas na RMF.

Considerando a série sem ajustes, na modalidade intermitente, foram criados 2.270 empregos em 2019 e outros 3.238 em regime de tempo parcial, os quais representaram mais da metade (53,4%) dos empregos gerados no estado no citado ano. Em ambos os casos, os serviços e o comércio foram os setores que mais se utilizaram dessas formas de contratação, nas proporções de 61,7% e 19,3% e de 60,8% e 29,0%, respectivamente. Nos serviços, foram 1.400 novas vagas para empregos intermitentes e 1.969 para emprego em tempo parcial e, no comércio, 437 e 940 empregos, nessa mesma ordem.  

Por fim, em termos nominais, o salário médio de admissão no Ceará passou de R$ 1.241,31, em 2018, para R$ 1.316,81, em 2019. O salário médio de admissão nacional fora de R$ 1.626,06 nesse ano, o que indica que o salário médio de admissão no Ceará equivalia a 81,0% da média nacional.