26/04/2019
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) delineiam uma realidade nada favorável da evolução do emprego formal no País e na maioria das unidades federativas em março desse ano. Foram extintos 43,2 mil empregos no País no referido mês, apesar da criação de 179,5 mil empregos no primeiro trimestre do ano. O saldo de emprego mensal foi negativo em todas as regiões, particularmente no Nordeste (-23,7 mil, ou 54,9%). No recorte por unidade da federação, 19 estados, de um total de 27, apresentaram saldos negativos, enfatizando o quadro generalizado de fechamento de postos de trabalho em âmbito nacional, em especial em Alagoas (- 9,6 mil) e São Paulo (-8,0 mil), já por setor de atividade econômica, o grande vilão foi o comércio (-28,8 mil empregos). Ademais, o salário médio real de admissão (R$ 1.571,58) se mostra aquém do de desligamento (R$ 1.706,37), o que ilustra uma realidade perversa onde, para além da DSCN4255.JPGeliminação de empregos com registro em carteira, os que conseguem uma colocação percebem salários inferiores aos praticados anteriormente.
Nesse contexto adverso, dentre os estados da federação, o Ceará (-4,6 mil empregos) registrou o terceiro maior saldo negativo do Nordeste, fruto de 27,1 mil admissões e de 31,7 mil desligamentos, praticamente reprisando os saldos negativos de março de 2016 e de 2017, quando 4,7 mil empregos formais foram eliminados no Ceará.
O número de empregos gerados no estado somente é positivo no acumulado de 12 meses (11,5 mil), mas ainda assim, o menor desde janeiro, quando foram computados 15,2 mil novos empregos, valores que evidenciam, além dos fatores sazonais negativos característicos do período, a fragilidade da recuperação do mercado de trabalho, refletindo a lenta e modesta retomada da atividade econômica, cujas projeções de crescimento para este ano se apresentam cada vez menores, atualmente em 2%, para a maioria das instituições.
Na desagregação por setor de atividade econômica, houve subtração de empregos em seis dos oito setores investigados, especialmente no comércio (-1,0 mil) e na construção civil (-2,2 mil). Nos três primeiros meses de 2019, esses dois setores econômicos já eliminaram 4,2 mil e 3,7 mil empregos com carteira assinada no estado, respectivamente.
O emprego na indústria de transformação cearense diminuiu em 549 vagas, fato constatado em nove dos doze ramos pesquisados, em que se destacam a indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos (-476) e a indústria de produtos alimentícios e bebidas (-162), o que fora amenizado pelas contratações, notadamente nas indústrias de material elétrico e de comunicações, que empregaram mais 216 pessoas, e de calçados (119 empregos adicionais).
Destaque-se ainda que, no Ceará, a indústria de material elétrico e de comunicações foi a que mais ampliou o número de empregados no primeiro trimestre do ano, com 500 novas contratações, ao contrário da indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos, que subtraiu 600 empregos no mesmo período.
Nos serviços, que extinguiram 527 empregos no referido mês, isto repercutiu o comportamento do emprego no comércio e administração de imóveis e valores mobiliários (-441), com saldo também negativo (-966) no primeiro trimestre do ano, espelhando a atual conjuntura da construção civil no País e no estado, e nos serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação (-554), após o período de férias de início de ano.
*Por Mardônio Costa
Analista do Mercado de Trabalho do IDT